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O aprender com a experiência é o que nos salva!
Diante de toda situação como essa que estamos vivendo agora, de caráter traumático, precisamos de um tempo maior para elaborá-la. Provavelmente ficarão cicatrizes das perdas e das privações que inadvertidamente tivemos de nos deparar, quando vários itens do nosso cotidiano foram suspensos.
Porém, essa catástrofe que ameaça nossa sobrevivência nos atinge de diferentes maneiras. Cada um interpreta a situação de acordo com seu mundo interno, sua subjetividade, sua forma de ver a vida. A imunidade tão decisiva nesse momento não diz respeito somente às defesas físicas, mas também àquelas de natureza psicológica, como, por exemplo, estar em contato consigo mesmo, tendo familiaridade com as emoções, paciência e alguma capacidade para tolerar frustrações.
Essa condição psíquica tem sido marcante nos depoimentos que tenho recolhido. Ouço pessoas se descobrindo mais potentes do que se imaginavam, criando alternativas para a convivência e para o trabalho profissional.
Estamos vivendo um tempo de desconstrução e construção. Ampliou para alguns a percepção de si mesmos e, também, daqueles que compartilham suas vidas. Ocupar espaços diferentes tem possibilitado a aquisição de habilidades novas e inimagináveis, constatando que o consumo vinha sendo maior do que as necessidades.
As circunstâncias atuais têm favorecido a convivência sob outros ângulos. Ao se colocar no lugar do outro, e vice versa, estreitam-se as parcerias em razão de estarmos sob o efeito de uma mesma situação traumática. O convite tem sido valorizar as coisas simples da vida.
A fragilidade e a vulnerabilidade fazem parte da condição de estarmos vivos e, convenhamos, tínhamos nos esquecido disso.
Parece que esse quadro dramático tem nos ajudado a resgatar ou desenvolver uma sensibilidade maior diante de tudo, dando um outro sentido às perdas e às privações!